terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Algo sobre...

No antigo testamento a palavra liturgia é usada para designar o culto prestado a Deus pelos Sacerdotes Judeus. Depois de muitos anos, após Jesus Cristo, os Cristãos passaram a usar esta palavra para designar o culto prestado a Deus pela Igreja de Jesus Cristo.

A palavra liturgia é uma palavra do grego: leiturguia, de leiton-érgon que siginifica "ação do povo", "serviço da parte do povo e em favor do povo". Na tradição cristã, ela quer significar que o povo de Deus torna parte na "obra de Deus". Pela Liturgia, Cristo, nosso Redentor e Sumo Sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa redenção.

Liturgia é uma ação do povo pela qual prestam cultos a Deus. A Liturgia é uma diálogo entre Deus e o povo. O Concílio Vaticano II afirma que "na liturgia Deus fala a seu povo. Cristo ainda anuncia o evangelho. E o povo responde a Deus, ora com cânticos, ora com orações". (SC13) É nesse diálogo, no culto que se presta a Deus, que o povo celebra.

Desde os tempos antigos o ser humano buscou formas de entrar em contato com o ser supremo, divino. Então ele criou expressões corporais como : danças, inclinações, prostrações; utilizava elementos da natureza como flores, animais, etc., formulou palavras, frases e pôs tudo isso a serviço da LITURGIA. Foi deste modo que o homem encontrou para CELEBRAR a vida em comunidade, a forma de agradecer a Deus pelas alegrias e a forma de pedir a proteção divina.

Celebrar significa tornar-se célebre, dar importância, festejar em massa, realizar uma ação solene, honrar, exaltar, cercar de cuidado e de estima.

Para celebrar a vida, a pessoa se une a outras pessoas: formam assembleia cristã, a qual mediante sinais sensíveis entra em comunhão com o Pai, pelo Filho, Jesus Cristo, No Espírito Santo. A própria assembleia cristã, a Igreja, já é um sinal da presença de Cristo.

Que são estes sinais sensíveis? São objetos, cores, luzes, gestos, movimentos que fazemos ou usamos na liturgia, para entrarmos em comunhão com Deus. A celebração litúrgica passa necessariamente pelo corpo.
A expressão corporal é o canal indispensável pelo qual manifestamos nossa fé.

Sinais Litúrgicos

Os sinais litúrgicos destinam-se sempre para comunicar algo. Desde o início da humanidade, os homens que habitavam as cavernas já se comunicavam por meio de sons e de desenhos feitos nas rochas: era uma linguagem comunicativa, hoje, substituída pelas letras, sílabas e palavras nos vários idiomas.
Na liturgia temos vários sinais. Vejamos:

a) Objetos: cálice, patena, pala, manustérgio, corporal, sanguíneo, galhetas, missal, mesa da palavra, ambão, lecionário semanal, lecionário dominical, lecionário santoral;

b) Símbolos: flores, pão, vinho, água, óleo, incenso, vela, sacrário, mesa eucarística ou altar;

c) Atitudes: sinal da cruz, aperto de mão, posição das mãos, sentar, levantar, ajoelhar.

Os sinais dos coroinhas

É através dos sinais litúrgicos que Deus se comunica conosco e nós com Ele. Por isso devem ser feitos com respeito e com total exatidão. Você coroinha estará demonstrando atenção e amor a Deus se caminhar devagar e mantiver uma atitude devota e atenciosa, sem conversar inutilmente, cantando e rezando com o povo nos momentos adequados. Bem como observando o respeito aos sinais abaixo descritos:

a) Sinal da Cruz: o Sinal da Cruz é um dos símbolos mais básicos da religião cristã, relembrando a importância do sacrifício de Cristo na Cruz, é realizado desenhando-se no ar uma cruz, sobre si mesmo, sobre outras pessoas ou sobre objetos. Não devemos fazê-lo mal, de qualquer jeito e depressa, porque estaremos demonstrando pouco respeito e, além disso, ele nada significará feito deste modo.

b) Genuflexão: É um gesto de fé em Jesus que deve ser feito com calma e atenção. Faz-se fletindo só o joelho direito até o solo, significa adoração; pelo que é reservado ao Santíssimo Sacramento, quer exposto, quer guardado no sacrário, e à Santa Cruz, desde a adoração solene na Ação litúrgica de Senta-feira da Paixão do Senhor até ao início da Vigília Pascal.

c) Reverência / Inclinação: é sinal de reverência e de honra que se presta á próprias pessoas ou às suas imagens.

Há duas espécies de inclinações:

a) Com a cabeça, faz ao nome de Jesus ou da Virgem Maria e do Santo, em cuja honra se celebra a Missa ou a Liturgia das Horas;

b) Com o corpo, ou inclinação profunda, faz-se: ao altar, caso nele não esteja o sacrário com o Santíssimo Sacramento; aos Bispos; antes e depois da incensação, e todas as vezes em que vem expressamente indicada nos diversos livros litúrgicos.

Reverência ao Santíssimo Sacramento

Todos aqueles que entram na Igreja nunca devem omitir a adoração ao Santíssimo Sacramento: seja dirigindo-se à capela do Santíssimo, seja fazendo pelo menos genuflexão. Fazem igualmente genuflexão todos os que passam diante do Santíssimo Sacramento, a não ser que se vá em procissão.

Reverência ao altar

O altar é saudado com uma inclinação profunda por todos quantos se dirigem ao presbitério, dele se retiram ou passam por diante do altar. Além disso, o celebrante e os concelebrantes beijam o altar no início da Missa, em sinal de veneração. O celebrante principal, antes de deixar o altar, venera-o, por via de regra, beijando-o; os restantes, mormente se forem muitos, fazem-lhe a devida reverência.

Reverência ao Bispo e outras pessoas

O Bispo é saudado com inclinação profunda pelos ministros ou por quantos dele se aproximam por motivo de serviço ou, depois de prestado esse serviço, se retiram ou passam diante dele.
Não fazem genuflexão nem inclinação profunda aqueles que transportam os objetos a usar na celebração que se vai realizar, por ex: a cruz, os castiçais, o livro dos Evangelhos.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

São Domingos Sávio


Nascido em Riva, Piedmont, Itália, em 1842; e morreu em Mondonio tambem na Itália em 9 de março de 1857. Foi beatificado em 1950 e canonizado em 1954.

Domingos era um de três filhos de um ferreiro e cresceu com desejos de ser um padre. Quando São João Bosco começou a treinar jovens como clérigos para ajudá-los no cuidado de meninos de rua, em Turim, o padre da paróquia de Domingos o recomendou a João Bosco, o qual mais tarde escreveu a biografia de Domingos de tão impressionado que ficou ao conhece-lo.

Em outubro de 1854, na idade de 12 anos, Domingos tornou-se um estudante no Oratório de São Francisco de Sales em Turim. Ele é mais conhecido pelo grupo que organizou, chamado a "Companhia da Imaculada Conceição".


Em adição a sua devoção, ele fazia vários trabalhos como, varrer o chão e tinha especial paciência e cuidado com os jovens mais travessos. Logo que começou no Oratório Domingos separou uma luta entre dois rapazes que se atiravam pedras. Segurando um crucifixo entre eles, ele disse : " Antes de lutarem olhem para isto" e em seguida disse "Jesus não tinha nenhum pecado e Ele morreu perdoando os seus executores, nós vamos ultraja-Lo sendo deliberadamente vingativos?"

Ele escrupulosamente seguia a disciplina da casa e com isto angariava o ressentimento dos outros jovens que esperam dele o mesmo comportamento. Não obstante, ele nunca ofendia quem o tratava mal. 

Bosco o proibiu de fazer qualquer mortificação ao seu corpo sem sua permissão. Bosco certa vez encontrou Domingos, numa noite fria, em sua cama tremendo sem um só lençol por cima. "Não seja louco, disse ele a Domingos, você poderá pegar pneumonia !" . "Por que eu? " perguntou Domingos " O meu Senhor não pegou pneumonia na manjedoura em Belém?"

Em outra ocasião Domingos sumiu de manhã até o jantar. Bosco o encontrou no coro da igreja de joelhos, em oração. Ele ficou lá por 6 horas depois que a missa havia acabado e disse que estava "distraído" . Sempre se referia a suas orações intensas como estando "distraído" orando e não havia visto o tempo passar.

Bosco reportou ao Papa Pio IX o desejo de Domingos em servir na Inglaterra e a Inglaterra tornou-se uma primeira preocupação de Bosco. Alguns dizem que isso era devido ao ímpeto de Pio IX de restaurar a hierarquia da Igreja na Inglaterra.

Domingos tornou-se conhecido como uma pessoa com dons espirituais especiais e que reconhecia a necessidade das pessoas, bem além do percebido pelo padre comum e tinha uma habilidade de profetizar o futuro.

Entretanto, a frágil saúde de Domingos piorou e ele foi enviando para Mondonio para uma mudança de clima. Foi diagnosticado como tendo tuberculose e logo começou a sangrar e isso apressou sua morte. Ele recebeu os últimos sacramentos e pediu ao padre para ler a oração dos mortos e no final ele sentou-se e disse: "Adeus meu caro padre" ; sorriu e exclamou!:" Estou vendo coisas maravilhosas" e logo depois ele morreu sorrindo tão calmo e feliz, que ninguém duvidou de sua visão do paraíso.

Pouco tempo depois, São João Bosco escreveu sua biografia, o que contribuiu para a sua canonização. Ele foi a pessoa mais jovem a receber a canonização, na história da Igreja.

Ele é o padroeiro dos cantores de coro da igreja e delinqüentes juvenis.

Sua festa é celebrada no dia 5 de março

História de São Tarcísio


Segundo a tradição, o adolescente Tarcísio foi martirizado por um grupo de malvados, enquanto ele levava a Eucaristia aos cristãos, nos cárceres. O seu martírio deve ter acontecido dia 6 de agosto do ano 258, depois da Missa celebrada pelo Sumo Pontífice Sisto II, ajudado também por Tarcísio, que exercia o cargo de acólito. A ordem do acólito era reservada aos fiéis que mais de distinguiam pela bondade e pelas virtudes. Este jovem mártir foi incluído no martirológio romano no dia 15 de agosto, e comemorada a morte no cemitério de S. Calisto.

No século passado, São Tarcísio foi escolhido como Patrono dos Coroinhas do SS.mo Sacramento e, neste século, Patrono dos aspirantes menores da Juventude Italiana de Ação Católica.

Segundo o Calendário de S. Basílio, o corpo de Tarcísio foi sepultado no “Cemitério de S.Calisto”, com Papa Estevão. Segundo Rossi e Maruchi, foi transferido para a assim chamada “Cela Tricora”, em um sarcófago junto ao Papa Zefirino. Paolo I (V767), o levou para a Basílica de S. Silvestre, no Capitólio, juntamente com outros corpos dos mártires. Atualmente se encontra na Capela do Anjo da Guarda (antes estava na atual capela de S.Domingos onde se conservava o Santíssimo). Uma relíquia se conserva em um gracioso cofre na Capela do Instituto S. Tarcísio, em Roma, na Via Ápia Antiga, 102.

Quem chega ao interior do cárcere, observa um verdadeiro contraste com aquela algazarra barulhenta da estrada.  Ali reina paz, serenidade, alegria e júbilo; os muros de pedra grega ecoam os cantos salmodiantes, entoados por Pancrácio e repetidos de um lugar para outro. Os prisioneiros do camerum respondiam aos irmãos em uma alternativa de versos, tirados dos salmos, que eram naturalmente, sugeridos pela circunstância.

Na vigília do dia em que deviam lutar com as feras, que os dilacerariam, se lhes concedia uma maior liberdade. Era permitido aos amigos das vítimas escolher aqueles que queriam para visitá-los, e os cristãos aproveitavam sabiamente desta permissão, indo à prisão e recomendando-os às orações dos benditos seguidores de Cristo. À tarde, os condenados eram conduzidos à cena livre, isto é a um abundante e até a um suntuoso banquete público. A mesa era circundada por pagãos sempre curiosos para ver como se comportariam e que aspecto assumiriam os combatentes no dia seguinte. Mas não percebiam nos cristãos nem ostentação insolente, nem a amarga prostração dos condenados comuns. Para aqueles comensais, o banquete era um verdadeiro ágape ou festa do amor, já que eles procuravam a verdadeira alegria, e a cena era animada por uma alegre conversão.

Enquanto os perseguidores preparavam o banquete material das suas vítimas, a Mãe Igreja preparava um banquete muito mais lauto para as almas de seus filhos, para enviar à tarde, aos campeões de Cristo, um número de partícula do Pão da Vida, suficiente para animá-los à manhã do dia destinado à luta.  

Quando o Pão Consagrado estava pronto, o celebrante se voltava ao altar, onde fora colocado a Vítima Santa, para ver a quem devia melhor confiar. Antes que algum pudesse se oferecer, o jovem acólito Tarcísio (de 12 anos) se ajoelhou em sua frente, com as mãos postas, prontas para receber o Sagrado Depósito. Com o seu semblante inspirando inocência, como aquele de um Anjo, parecia implorar para ser o preferido, ou melhor, quase que pedindo este direito.

- “Tu és muito jovem”, disse o bom celebrante muito admirado.

- “Padre, a minha juventude será a melhor proteção. Oh! Não me negue esta altíssima honra!”. Tinha as lágrimas nos olhos e em sua face era um róseo de modesta emoção, enquanto pronunciava as palavras. Erguia as mãos com tanto fervor e a sua oração era tão cheia de paixão e de coragem que o celebrante não pode resistir. Tomou os Divinos Mistérios, delicadamente envolvidos em um pano de linho e depois enrolou outro pano de linho, depositando entre as suas mãos dizendo:

- “Lembra-te, Tarcísio, este tesouro é confiado aos teus cuidados. Evita os lugares públicos durante o caminho, e recorda-te que as coisas santas não são dadas como alimento aos cães, e que as pérolas não são feitas para os porcos. Cuidarás fielmente os sagrados dons de Deus?”.

- “Morrerei antes que não cumpra o meu dever” – respondeu o santo jovem, colocando junto a si o alimento divino, e com serena reverência se colocou a caminho para cumprir a sua missão.

Transparecia de seu semblante uma graça não comum aos jovens de sua idade, enquanto enfrentava com passos rápidos pelas estradas, evitando os pontos mais freqüentados e aqueles mais desertos.

Quando estava perto dos portões de um grande palácio, a proprietária, uma rica matrona sem filhos, o viu e ficou fascinada pela sua beleza e pela doçura do seu semblante, enquanto ele se apressava pelo caminho com os braços cruzados.

- “Espere um momento, caro filho, disse, interceptando-lhe os passos – quem és? Diga-me, e quem são os teus pais?”.

- “Meu nome é Tarcisio e sou órfão, respondeu levantando os olhos sorridentes – não tenho casa, a não ser uma que talvez te desagrade em eu dizer”.

- “Então vem repousar na minha casa; tenho muito do que falar. Oh! Se tivesse também um filho como tu!”.

- “Agora não posso, senhora, agora não! Confiaram a mim uma sublime e sacra missão e não posso perder um minuto, antes de tê-la executada”.

- “Então me prometa de vir amanhã. Olha, esta é a minha casa”.

- “Se estiver vivo, virei certamente”, disse o jovem, com um olhar inspirado que parecia lembrar Patrícia, um mensageiro escolhido para das mais altas esferas sociais.  

Ela o seguiu um pouco com seu olhar e depois de haver refletido, decidiu segui-lo. Em seguida escutou um grande estrondo interrompido por bandos de insolentes, e ela parou até que ficou tudo em silêncio; depois retomou o seu caminho.

Entretanto, Tarcisio, absorto nos mais altos pensamentos que não fossem a herança de Patrícia, tinha apertado o passo e estava perto de uma praça, onde alguns rapazes estavam jogando, apenas saídos da escola.

- “Falta mesmo um rapaz para o nosso jogo. Onde o encontraremos?”, disse o chefe.

- “Oh! olha que combinação”, exclamou outro – Eis Tarcisio, que não o vemos há muito tempo. Antes era ótimo em toda espécie de jogo. “Vem, Tarcísio”, continuo apertando-lhe o braço 

- “Aonde vai com tanta pressa? Vem jogar conosco! Seja bom!”.

- “Não posso agora, Petílio; não posso mesmo! Tenho uma grande e importante tarefa a cumprir”.

- “E então virás à força” – disse aquele que havia falado por primeiro; um rapaz grande, estúpido e prepotente, que logo se colocou sobre Tarcísio. “Sabe que não admito réplica quando quero alguma coisa. Venha logo fazer parte do nosso jogo!”.

“Te suplico” – disse o pobre menino, “deixa-me continuar meu caminho!”.

“Nada disso” – rebateu o outro – Mas o que tens aí de tão precioso para levar com tanto cuidado? Será uma carta?  Não tem importância se chegar no seu destino, meia hora depois.Dê para mim que guardarei com segurança até que terminemos de jogar”. E estendeu a mão para tirar dele sacro depósito.

- “Não, não” – disse o jovem, elevando os olhos para o céu.

- “Então quero ver de que se trata” – insiste o outro em tom brusco – “quero saber em que consiste este teu precioso segredo” e começou a maltratá-lo. E logo se reuniu um grupo de curiosos, perguntando do que se tratava. Viram Tarcísio que, com os braços cruzados, parecia animado por uma força sobrenatural para poder resistir a um rapaz muito mais alto e maia forte do que ele, o qual queria ver o que Tarcísio levava no peito. Parecia que sua força, seus empurrões, ponta-pé, não produzissem algum efeito. O pobrezinho suportava tudo sem murmurar, sem a mínima tentativa de reação. Mas resistia corajosamente.

- “Mas o que é, de que se trata?”, perguntavam os presentes. Quando, por acaso, si viu passar por ali Fulvio e se ouviu um ajuntamento de curiosos em torno dos dois combatentes. Logo reconheceu Tarcísio, tendo-o visto na festa da administração das Ordens Sacras.

Quando algum do bando vendo-o vestido melhor que os outros, fez a mesma pergunta, respondeu em tom de desprezo, voltando-se a todos:

- “O que é? Não estão vendo? É um burro cristão que leva os Mistérios. Não há necessidade de mais nada”.

Fúlvio, que não queria perder a jogada tão mesquinha, soube bem o efeito que as suas palavras tinham produzido.

A curiosidade pagã de ver desvelados os Mistérios cristãos e a querer conduzir os ultrajes eram fomentados naquelas ações, e agora todos a uma voz pediram a Tarcísio para entregar o que tinha guardado.

- “Nunca, até eu esteja vivo”, foi a única resposta. Um operário lhe deu um tremendo soco, que o estonteou e o sangue começou a correr. Segui uma verdadeira tempestade de pancadas, até que pisado e maltratado, mas com os braços sempre apertando ao peito, o rapaz caiu por terra.

O bando foi contra ele, e houve quem, agarrando-o, estava já para tirar-lhe o tesouro, quando os assaltantes sentiram um empurrão à direita e à esquerda de dois poderosos braços.

Do grupo dos malvados, uns corriam até o final da praça, outros pulavam muros até caírem por terra, e os outros retrocederam na frente de um centurião de forma atlética, que foi a causa de uma rápida mudança da cena. Apenas tinham desocupado o terreno, ele se ajoelhou diante do jovenzinho e com os olhos cheios de lágrimas, levantou o corpo maltratado e desmaiado, com a ternura de uma mãe, e lhe pediu com a voz muito tenra:

- “Te fizeram muito mal, Tarcisio?”. 

- “Não pense a mim, Quadrato”, disse o rapaz, abrindo os olhos e sorrindo – “eu carrego os Sagrados Mistério, tome aos teus cuidados”.

O soldado tomou o braço do rapaz com profunda reverência. Era como se levasse não só a doce vítima de um sacrifício jovem e as relíquias de um mártir, mas o mesmo Rei e Senhor dos Mártires e a mesma Divina Vitima da salvação eterna. O rapaz apoiou confiante a cabeça nos ombros do robusto soldado, sem diminuir um só instante o aperto fiel ao tesouro. O soldado não sentia peso algum do duplo fardo bendito.

Ninguém ousou impedir-lhe o passo, até que uma senhora foi ao encontro, olhando maravilhada. Foi bem perto e observou atentamente o rapaz que ele apertava entre os braços.

- “Não é possível! Exclamou aterrorizada – Este é o Tarcísio, o rapaz que vi há pouco, tão belo e gentil? Quem o reduziu a este estado?”.

- “Senhora, disse Quadrato – queriam matá-lo porque era cristão”. A mulher olhou um instante o semblante do jovenzinho, que abriu os olhos, sorriu e expirou. Daquele olhar emanou um raio de fé. E ela se fez logo cristã.

O venerável Dionísio, com os olhos velados de lágrimas, removeu as mãos do jovem e tirou o Santo dos Santos. Parecia a ele que agora Tarcísio se assemelhasse mais a um anjo, dormindo o sono dos mártires, não como antes, quando estava ainda vivo. Quadrato mesmo levou seu corpo mortal ao cemitério de Calisto, onde a vítima foi sepultada entre a admiração dos seus companheiros de fé mais velhos do que ele.  Depois o S. Papa Damaso compôs uma inscrição:

 Enquanto um criminoso grupo de fanáticos

 se atirava sobre Tarcísio que levava a Eucaristia,

o jovem preferiu perder a vida antes

que deixar aos raivosos o Corpo de Cristo”,

para profaná-la.

A notícia de tudo o que aconteceu chegou aos prisioneiros somente depois do banquete.

Talvez o medo de serem privados do alimento espiritual que lhes daria força, foi o único motivo de perturbação, mesmo se leve, da serenidade deles. Naquele instante entrou Sebastião e se deu por conta que uma desagradável notícia havia chegado aos cristãos e percebeu do que se tratasse. Infundiu então coragem aqueles seguidores de Cristo. “E assegurou-lhes que não seriam privados do alimento suspirado”.             

A sua festa é celebrada do dia 15 de agosto.

Ele foi enterrado no cemitério de Callixtus e suas relíquias foram reclamadas por São Silvestre. Mais tarde as relíquias do santo foram trasladadas para a Capela de Ângelo Custode em São Domenico Maggiore di Napoli, por ordem do Papa Inocêncio X, durante a guerra de 1646.